sábado, 6 de janeiro de 2018

Ser ou Parecer

Até um tempo atrás eu achava que quem postava em redes sociais a todo o momento era uma pessoa que estava querendo “fazer parecer” demais. Como se fosse uma felicidade forçada e havia uma necessidade de se autoafirmar o tempo inteiro. Até que um dia eu conheci um cara que era o contrário disso.
   Eu percebi que ele se “escondia” demais, não permitia marcações em fotos, os amigos eram bloqueados, não colocava em um relacionamento sério mesmo estando em um, não se expunha de nenhuma forma. A “desculpa” era de que redes sociais não são importantes, ele não precisava postar foto com alguém para provar que amava aquela pessoa. Eu concordo. O problema aqui era a hipocrisia. Era um cara que traia a namorada, mentia, manipulava pessoas, e por esses motivos se escondia de fato. Por que eu estou contando tudo isso? Porque depois de conhecê-lo, passei de uma pessoa que julgava quem se expunha demais na internet por julgar àquilo forçado, para uma pessoa que julgava quem não se comprometia em redes sociais, sendo em um relacionamento, opiniões, personalidade, etc. Eu questionava até que ponto algo é real quando você não se compromete socialmente, seja de maneira real ou virtual.
   Acho esse questionamento muito válido. Mas devemos ter cuidado com verdades absolutas. Não é porque alguém não gosta de exposição social que ele/ela seja igual ao personagem citado acima. Quando paramos de olhar pro outro e tentamos a toda hora definir como ele está se sentindo, o que ele quis dizer ou não, qual foi a intenção na publicação, com o intuito de ter a certeza de quem uma pessoa que conhecemos, apenas socialmente, é, paramos de olhar para nós mesmos.
   Eu percebi que uma época, eu estava o tempo inteiro vivendo em função do outro. Eram recorrentes os pensamentos “e se as pessoas acharem que estou querendo me exibir demais com essa selfie?” “e se as pessoas acharem que eu não valorizo minha família porque só posto fotos com amigos?” “E se as pessoas acharem que eu nunca faço nada de interessante?” “E se as pessoas não acharem que é verdadeiro quando eu falo de Deus” “e se as pessoas...”  Nessa época, eu publicava para atender as expectativas dos outros, não as minhas. O pensamento era sempre no que o outro ia pensar de mim.
   De uns meses pra cá, me vi cada vez mais madura e bem resolvida comigo mesma, isso fez com que eu sentisse a necessidade de compartilhar coisas cada vez mais, porque a felicidade era tão grande que eu não queria guardar só pra mim. E sabe qual a diferença de quando eu estava insegura e de agora pra quem olha de fora? Nenhuma. Porque não tem como a gente saber o que passa na cabeça e no coração do outro, independente de qual seja o nossa opinião como expectador sobre ele e sua vida social.
   Assim como alguém pode postar demais uma vida forçada, outro pode postar demais uma felicidade real. E se alguém não se coloca socialmente, pode ser sim porque a pessoa se esconde, como pode ser apenas porque ela não está afim e tudo bem.
   Por isso, através desse texto, eu venho fazer um convite: que sejamos menos duros com os outros para que sejamos menos duros com nós mesmos, principalmente em redes sociais. Não é porque uma pessoa não se comporta como nós virtualmente que ela está sendo necessariamente falsa ou melhor que a gente. “Promova o que te faz feliz ao invés de atacar aquilo que te desagrada”. E identifique em você o que te impulsiona a querer ou não mostrar algo. A opinião dos outros não terá o mesmo peso nas nossas vida e olharemos de forma mais gentil para o perfil alheio.


Nenhum comentário:

Postar um comentário