Aquela história do desapegar é muito mais difícil do que parece. Eu sou apegada, muito apegada ao passado. Eu não deixo as coisas irem. Eu perdoo, mas eu carrego a ferida. E não só a minha, carrego as feridas daqueles que gosto, também. Eu sou cheia de pesos. Sou feita de "vou deixar isso pra lá. Melhor evitar brigas". Eu vivo num eterno afundamento em mim mesma e nos meus próprios pensamentos. Eu estou constantemente achando que eu estou incomodando com minhas conversas sem sentido. No meio disso, eu me realizo quando encontro aqueles que me fazem esquecer tudo. Aqueles que eu não tenho pudor em falar, não escolho palavras e que eu sinto que sentem por mim. Sentem minhas alegrias, minhas dores, meus fardos. São tão poucas boas pessoas que nos identificamos na vida que, quando acontece, é como mágica. É como se tudo fizesse sentido. É como se tudo o que você precisasse pra entender você mesma estivesse o tempo todo por aí, no mundo, e, quando você acha, tudo se encaixa perfeitamente. Mais que perfeitamente. E às vezes, muitas vezes, aliás, a gente não percebe isso. Eu só vi quando eu conheci outros pedaços de pessoas que nunca se encaixarão aos meus. É ruim, mas faz a gente reconhecer a importância daqueles que importam. E é por isso que eu acredito em almas-gêmeas: porque eu achei a minha. E não foi num romance, foi na minha melhor amiga. E é o que, muitas vezes, me dá ânimo pra seguir, a sensação de ter me encontrado no mundo, ter encontrado uma outra eu fora de mim. Gratidão é pouco. É plenitude de vida.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
terça-feira, 21 de julho de 2015
Esse vício de eternidade que a gente tem
Quando eu era criança tinha pavor de mudança. Lembro
quando uma vez minha mãe mudou o turno que eu estudava na segunda série e eu
achei um absurdo. Já tinha uma rotina toda definida e, de repente, tive que
construir tudo de novo. O que eu não imaginava naquela época era que isso não
aconteceria só uma vez na minha vida, mas várias.
Até pouco tempo continuava não gostando muito de
mudanças. Temos que concordar que o novo causa estranheza, às vezes,
indiferença, insegurança. Mas, por força do destino ou por um instinto que eu
mesma desconhecia, mudar se tornou uma constante na minha vida. Quase uma
necessidade.
Eu li em algum lugar que temos um vício de eternidade.
Parece que as coisas só são reais e bonitas se durarem para sempre. É difícil
pra gente compreender que um momento pode ser verdadeiro, sem se repetir outras
vezes. É difícil acreditar que algo deu certo, se não durou para sempre.
Eu vi num filme que, no fim, a vida seja um processo de
abrir mão. E acredito que seja mesmo, mas não de uma forma ruim. É obvio que
quando uma coisa é boa surge um pesar de ter que deixá-la, mas deixar não
significa abandonar. Vai ser, para sempre, um pedaço nosso.
Hoje, diferentemente daquela criança de oito anos de
idade, me sinto de coração aberto para encarar o novo. Hoje, o ponto final se
fez necessário para que um outro paragrafo seja escrito. Hoje, entendo que
rotinas mudam, pessoas entram e saem de nossas vidas. E ela segue tão bonita
quanto antes, mesmo que seja de uma forma diferente. Hoje, minhas raízes são minhas asas. E, hoje,
as turbulências não me impedem de voar.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
Sinto muito
Que sentimentos são impossíveis de explicar todo mundo sabe, até soa clichê quando falamos algo do tipo “nem sei dizer o que sinto”. Isso se torna mil vezes mais difícil quando sequer sabemos o que estamos sentindo. Esses últimos dias me aconteceram muitas coisas e acho que em toda a minha existência eu nunca tinha tido um dia em que eu pensasse que tudo estava dando errado, até chegar essa semana. Isso foi se estendendo e me fez pensar sobre esses sentimentos que temos e que são tão confusos que não sabemos nem o que estamos sentindo de verdade.
Um dos fatos que me ocorreram me fez chegar à conclusão de
que a pior coisa em relação aos sentimentos é quando queremos ficar tristes por
algo, mas não conseguimos. Quando você perde alguém, por exemplo, é como se
fosse sua obrigação ficar em luto, chorar, mas nem sempre é o que acontece. Às
vezes nem é porque a pessoa fez algo de ruim pra você, mas decepcionou pessoas
que você ama, e isso pode ser pior. Quando alguém que é importante se
decepciona ou se magoa por culpa de outra pessoa, nós tomamos as dores e, mesmo
que o tempo passe, certas coisas não são esquecidas.
O que acontece é que podemos sentir pela perda do outro, mas
essa perda pode não ser tão grande pra nós, mesmo sendo a de um ente em comum. Queremos
poder sentir mais, ficar tristes por nunca mais ver esse alguém, mas, às vezes,
só conseguimos sentir por aquele que amamos estar triste, por ser uma perda pra
ele, não pra nós. Talvez possa ficar confuso ou talvez alguém já tenha passado
por algo assim, não sei. O que eu sei é que eu realmente queria sentir
mais do que estou sentindo agora, mas não posso. Eu só sinto por aqueles que eu
amo. E eu sinto muito, profundamente e de verdade.
sábado, 21 de fevereiro de 2015
Meu cabelo vermelho
Houve uma fase da minha vida que eu queria meu cabelo
vermelho. Todo mundo me dizia da dificuldade de manter um cabelo vermelho
bonito porque ele desbota rápido e dá trabalho para cuidar, mas mesmo assim eu
queria. Pintei. Fiquei satisfeita por um
tempo. O cabelo começou a dar trabalho. Escureci. Ou seja, não sosseguei até
fazer o que eu queria e aconteceu tudo aquilo que tinham me dito sobre. Mas eu
me arrependi? Não.
Essa historinha é apenas para ilustrar que acredito que
tem coisas na vida que precisam ser vividas para que a gente possa realmente
entender como são, sem se apoiar em ninguém ou culpar uma outra pessoa pelo seu
fracasso ou sucesso. Às vezes essas consequências são definitivas, às vezes
temporárias. Às vezes, elas são ótimas. Mas, às vezes, não.
O mais encantador de tudo isso é a liberdade de escolha.
Para mim, isso torna as coisas mais leves porque mesmo quando não estou feliz
com uma escolha que fiz na vida, sou grata por saber que eu fui a responsável
pela minha decisão. Apenas estou colhendo os frutos daquilo que eu plantei.
Não estou dizendo que ouvir as pessoas não seja
importante. É importante e mais do que isso, necessário. Porque às vezes achamos
que sabemos as respostas certas, mas talvez nossas perguntas que estejam
erradas. É através das experiências dos outros que encontramos alguma referência
na hora de viver o desconhecido.
Me tornei uma pessoa mais grata e consequentemente mais
feliz a partir do momento que assumi minhas escolhas, sendo elas boas ou ruins.
Em tudo terá os prós e os contras. Mas é
tão melhor ter a oportunidade de decidir por nós mesmos que seguir aquilo que
foi imposto pela vida ou por alguém.
É normal se sentir vulnerável quando é necessário tomar
uma decisão. Eu li em algum lugar que mesmo quando não fazemos uma escolha é
uma escolha, pois estamos escolhendo não escolher. Não devemos ter tanto medo de escolher errado, os
tombos não são tão importantes quando você consegue se levantar. Então pinta o cabelo
de vermelho se sentir vontade, mas esteja preparado caso não gostar.
Assinar:
Postagens (Atom)