quinta-feira, 19 de junho de 2014

Sobre sentir saudade

    
   
    Uma vez, eu estava vendo uma reportagem sobre músicas novas em relação às músicas antigas. Ao responder uma pergunta sobre músicas antigas serem melhores que as novas, o entrevistado respondeu que, talvez, nós sofrêssemos de uma doença de nostalgia permanente, e isso nunca mais saiu da minha cabeça. Não em relação às músicas em si, mas em relação a tudo. Será que as coisas passadas realmente são melhores que as coisas que vivemos agora, no presente? Não foram poucas as vezes que me peguei pensando e idealizando algo que já não fazia mais parte da minha vida. O estranho é que não sinto aquela sensação que deveria ter aproveitado mais ou que era feliz e não sabia, acho que é mais uma sensação de segurança e bem-estar que o passado proporciona. Nós estamos em constante mudança. Mudam as pessoas da nossa vida, mudam as rotinas e até nossas opiniões mais certas, menos as lembranças, elas permanecem intactas em nossa memória. Aí sentimos falta e queremos revivê-las. Isso é tão irracional, já que mesmo se estivermos no mesmo lugar com as mesmas pessoas, é impossível que algo possa ser revivido da mesma forma. E aí o mundo nos faz olhar pra frente. A vida tem dessas coisas, é uma das suas incríveis características: ela nos obriga a seguir em frente mesmo que nossa vontade seja o contrário.
  A Fran, um dia, me perguntou se eu tinha um lema de vida e eu nunca tinha parado pra pensar nisso, demorei um tempo pra responder porque tive que pensar um pouco sobre. Naquele dia eu respondi que era "Vai. E se der medo, vai com medo mesmo." porque eu achava essa frase extremamente motivante e se encaixava no meu perfil naquele momento. Hoje, ao escrever esse texto, percebi que nem mesmo essa resposta que eu dei a nem tanto tempo atrás assim, já não se encaixa mais com meu momento de vida. Eu percebi que eu sempre vou, sempre faço, mesmo estando com medo. Talvez, agora, eu esteja mais para "Vai e aproveita!". Eu já não sou inteiramente o que era. Nem tudo o que me caia bem, me serve mais. O que eu quero dizer com isso é que a nostalgia pode ser bem perigosa se visitada com frequência porque nos faz ficarmos olhando para trás e a gente tropeça no presente. Não conseguimos enxergar o mundo de possibilidades que temos pela frente. E não é incrível ter uma nova chance de reescrever nossa história a cada dia que acordamos? Minha memórias ainda estão guardadas com todo carinho que elas merecessem, mas são memórias. Tenho uma vida que espera por mim, aliás, ela não espera, já está acontecendo e eu quero acontecer com ela, afinal, o que é vivido hoje que, no futuro, se tornarão nossas lembranças. Tão queridas e tão passadas.

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