quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A Parede


 Hoje tirei as colagens de revistas que ficavam na parede do meu quarto e vê-la vazia, sem todas aquelas cores, confesso: senti falta.
 Olhei para os papéis que estavam no chão e até pensei em guardar alguns ou reaproveitá-los, mas, no fundo, eu sabia que eles não serviriam mais para mim. É como se, assim como na vida, certas coisas não só devem ser deixadas para trás, como chega uma hora que temos a necessidade de deixá-las.
 Pode ser que aquela parede até funcionasse daquele jeito, se assim permanecesse. Mas eu não poderia fazer nada de novo nela. E por mais confortável que eu estivesse com ela daquela maneira, a sensação de não ter a liberdade de mudar me incomodava.
 Hoje os papéis já não estão mais lá. Pode ser que um dia eles voltem ou nunca mais, quem sabe? O importante é que um dia estiveram e disso eu sempre vou lembrar, independente de como ela ficará no futuro e quão estranha essa mudança pareça agora.



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Saudade é melhor do que caminhar vazio

Essa semana eu tive uma perda na minha família, minha bisavó, que já estava lá com seus oitenta e tantos anos, faleceu. E foi quando eu comecei a pensar sobre o quão difícil é perder alguém, não só por motivo de falecimento, mas também perder de vista, não ter mais por perto. Decidi procurar o verdadeiro significado da palavra saudade. Acabei por descobrir que recentemente, uma pesquisa apontou a palavra como a sétima de mais difícil tradução. E realmente, saudade pode significar um mundo de sentimentos expresso em uma só palavra. Pode ser saudades de alguém que tenha perdido, de alguém que está ausente na sua vida, de alguma situação vivida, de lugares já visitados... Tem razão esta palavrinha estar entre as sete mais difíceis de serem traduzidas.
Só se tem saudade do que é bom, já dizia uma música linda que eu não me recordo de quem é. Quantas pessoas passaram por você, foram embora e deixaram saudade? No meu caso, foram muitas.
Às vezes, andando por aí, me deparo com alguém que já tenha feito parte da minha rotina, mas que finge não me ver, ou disfarça o olhar pra evitar os cumprimentos, não por questão de briga ou rancor, mas por fazer tanto tempo que não nos falamos que não nos sentimos mais à vontade na presença um do outro.
Quando a pessoa já foi sua amiga chega a doer ainda mais. Tantas coisas que vocês vivenciaram juntos, tantos segredos compartilhados, ficou tudo no passado, hoje já não os fazem sentir pertencentes da vida um do outro.
Mesmo que tentemos retomar algumas amizades, nunca mais será a mesma coisa. Talvez seja até melhor ficar com as lembranças, pois elas nos trazem sorrisos inesperados e satisfatórios, de uma época que não volta, mas que jamais será esquecida...

Conquistando a independência


Nunca tive a pretensão de sair da minha cidade natal. Tinha a absoluta certeza de que não mudaria de ideia nunca. Passou tudo tão rápido, num piscar de olhos eu já estava terminando o ensino médio e, com isso, tinha que decidir o que eu iria fazer da minha vida. Sempre quis fazer jornalismo, mas no meu último ano mudei de ideia, decidi fazer Letras. Fiz vários vestibulares em diferentes faculdades, todas bem próximas da minha cidade. Quando as inscrições do SISU começaram, eu me inscrevi só pra ver se conseguia uma vaga em alguma faculdade pública, sem intenção de ir morar em outra cidade. As minhas chances eram grandes, e a minha vontade de passar foi aumentando a cada dia, mas o que me fez ter mais coragem foi quando eu descobri que a Lidy tinha se inscrito na mesma universidade. Pronto! Agora eu já rezava pra passar, estava torcendo pra que nós duas conseguíssemos. Passei, fiz a matrícula e fui procurar um lugar pra morar. Andamos o dia todo, foi extremamente cansativo e estressante, mas depois de muito procurar, eis que surge um cantinho pra gente. Haha


Matriculada no curso de Letras-Português/Inglês/Literaturas na UFRRJ

Quanto mais se aproximava o dia da mudança, mais eu ficava nervosa. Era uma confusão de sentimentos, tanta coisa passando pela minha cabeça ao mesmo tempo, a dúvida tomou conta de mim, não tinha certeza se era isso mesmo que eu devia fazer, mas não quis desistir nenhum momento. Na última semana, fiquei muito sensível, chorava só de pensar em deixar minha casa e meus pais. Mudei, e foi tudo muito natural, não chorei na despedida, não fiquei deprimida nenhum dia sequer. Sentia saudades, mas nada que fizesse eu me sentir mal. 



Pedágio com os coleguinhas

A primeira semana foi de integração, conheci meus colegas de sala e meus veteranos e comecei a me sentir pertencente àquele lugar, que por sinal é uma maravilha, fiquei encantada demais com a paisagem, muito linda a universidade. Vieram as festas (muito boas haha), vieram as amizades, vieram os textos enormes e, por fim, veio a greve que já dura três meses. Agora aqui estou eu na minha cidade, com saudades da minha rotina de estudante/dona de casa haha
Estou aguardando ansiosamente o fim dessas "férias" pra poder voltar a viver novas experiências...

domingo, 19 de agosto de 2012

Navegar é preciso

 Dois mil e doze foi um ano de muitas mudanças na minha vida. Passei na faculdade, mudei de cidade e fui morar sozinha, mas depois de ficar sabendo de tudo que viria a ocorrer na minha vida nos próximos meses em vez de sentir medo ou insegurança, me senti extremamente motivada e ansiosa para que tudo acontecesse. Podia até ser que fosse uma decisão errada que eu estivesse tomando, mas eu tinha escolhido escolher. Acredito que chega uma hora em nossas vidas que devemos bancar nossas decisões. Essa era a hora pra mim.
 Lembro do frio na barriga no dia de fazer a matrícula, da cansativa busca por kitnet para alugar (né Paulinha? rs), e a primeira vez que peguei aquele peculiar transito daquela cidade.
 O primeiro impacto que a ufrrj teve sobre mim foi um sentimento de grandiosidade, e me fez pensar quão linda era a universidade que eu viria a estudar. Lembro também de ficar encantada com as pessoas, suas personalidades, seus diferentes sotaques. Estava feliz de ter a oportunidade de sair da minha zona de conforto (sofrer bullying por chamar biscoito de bolacha rs) e conhecer um mundo que ainda não era o meu.



A primeira semana de aula pode-se chamar de dois-dias-na-faculdade. No primeiro dia fomos recepcionados por nossos veteranos, nos apresentamos e tivemos a primeira impressão de quem estaria na nossa sala.


"Meu nome é Lidiane bixete, não fumo, não bebo e na minha terra chamamos biscoito de bolacha"

 No segundo dia tivemos uma aula fake preparada pelos veteramos que quase matou a galera do coração na hora, mas que fez todo mundo cair na risada depois. Os outros três dias não tivemos aulas devido o prédio em que estudaríamos estar sem estrutura .
 Os dias se passaram e o primeiro churrasco da sala aconteceu, vulgo bixorrasco. Que foi muito bacana, a galera já estava mais introzada e permitiu que nos conhecessemos melhor.




As festas vieram, as temidas provas, as eternas resenhas, os novos amigos, e a greve. Sim, não saímos de férias, entramos em greve (que já dura mais de três meses, mas isso é assunto pra outra hora).
Foram dois meses que permitiram experimentar um pouquinho de cada nova experiência, com novas pessoas, e novos lugares. E agora? Que venham novas histórias...


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Put your records on

we heart it

Em um episódio de Ugly Betty a personagem de America Ferrera(Betty Suarez)escreveu um artigo sobre a música ser o maior denominador comum no universo.O que,particularmente, acho uma verdade. Quantas vezes sofremos sozinhos por achar que a dor que nos incomoda é algo particular, que ninguém é capaz de compreender e, de repente, uma música descreve exatamente o que estávamos sentindo? Pronto, aí está o remédio que precisávamos. Muitas vezes a letra nem está no nosso idioma,ou nem mesmo é conhecida do grande público, mas nada disso importa, pois esse é o papel da música desfazer limites e se aproximar para dividir e multiplicar. Seja naquela dança da quarta série, no começo ou rompimento de um namoro, na festa de formatura, para cada uma dessas situações existe uma música tema que ao escutá-la, imediatamente, remete a fatos ocorridos na vida, fazendo reviver aquelas sensações passadas. A música surpreende, convida à reflexão, é forma de protesto, faz relaxar e, algumas vezes, através do que a pessoa escuta se descobre muito sobre ela e sua personalidade. Tem dias que acordamos com uma atitude mais Rock and Roll, no outro acordamos tranquilos, leves, quase uma bossa nova. A verdade é que cada pessoa carrega consigo sua própria trilha sonora. E a sua,qual é?